Lula recebe Macron em Brasília no último dia da visita do líder francês ao Brasil

Foram realizadas reunião bilateral, cerimônias de assinatura de atos e de imposição de condecoração

A visita de Macron ao Brasil envolveu uma série de agendas ambientais, políticas e econômicas
2 de Abril de 2024 - 06h44

A relevância da Parceria Estratégica entre Brasil e França foi medida pela série de agendas - ambientais, políticas e econômicas - cumpridas pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em solo brasileiro desde sua chegada ao país, na última terça-feira (26). Depois de compromissos em Belém (PA), Itaguaí (RJ) e São Paulo (SP), na quarta, Macron encerrou sua visita em Brasília, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o recebeu no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira, 28 de março.

A recepção preparada pelo Governo Brasileiro nesta quinta-feira na capital se iniciou com o desembarque do presidente francês na Praça dos Três Poderes, onde receberá honras civis ao som de A Chegada dos Candangos, terceiro movimento de Brasília: Sinfonia da Alvorada, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, composta em 1959 para celebrar a inauguração da nova capital do Brasil. A canção será executada pela jovem Orquestra Maré do Amanhã - diretamente do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro - e pelo coro Madrigal de Brasília.

O presidente francês será conduzido ao monumento aos Candangos, de Bruno Giorgi, e ao Museu Histórico de Brasília e, em seguida, terão início as honras militares. Macron passará em revista a tropa, caminhando até o Palácio do Planalto. A banda militar executará os hinos nacionais de Brasil e França, e os chefes de Estado acompanharão o desfile militar do alto do Parlatório.

No Palácio, foram realizadas a reunião bilateral entre os dois líderes, uma cerimônia de assinatura de atos e outra de imposição de condecoração, além de declaração conjunta à imprensa. Lula e a primeira-dama, Janja, oferecerão almoço a Macron no Palácio Itamaraty.

Orquestra Maré do Amanhã - Projeto social sediado na comunidade da Maré, no Rio de Janeiro, que ensina música clássica a crianças e adolescentes. Recebe apoio de patrocinadores por meio da Lei Rouanet (mecanismo que permite a empresas e outros entes direcionar impostos a projetos aprovados pelo Ministério da Cultura).

Coro Madrigal de Brasília - Fundado no início da história de Brasília, em 1960, pelo maestro Levino de Alcântara. É parte da Escola de Música de Brasília, instituição pública de ensino subordinada à Secretaria de Educação do GDF.

Monumento aos Candangos - Escultura de Bruno Giorgi, de 1959, mostra duas pessoas abraçadas, simbolizando união, força e equilíbrio. No imaginário popular, homenageia os pioneiros construtores da monumental capital no centro do país. A expressão “candango”, de origem africana e usada para designar estrangeiros, foi usada para apelidar os construtores de Brasília, vindos de outros estados.

Brasília - O Plano Piloto foi criado pelo urbanista Lúcio Costa, nascido no sul da França, em Toulon, em 1902. Foi a convite de Lúcio Costa que o suíço/francês Le Corbusier, um dos pioneiros da arquitetura moderna, realizou sua segunda visita ao Brasil, em 1936.

Agenda do presidente Macron no Brasil:

BELÉM – A primeira parada de Macron no Brasil foi no Pará, onde o presidente francês entregou ao cacique Raoni Metuktire, na Ilha do Combu (uma das 39 ilhas que circundam a capital Belém), a Condecoração da Ordem Nacional da Legião de Honra. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversas autoridades acompanharam a homenagem, que se revestiu de grande significado para os povos indígenas brasileiros.

Instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte, a honraria é a maior condecoração oferecida pelo Governo da França e é concedida aos cidadãos franceses e a estrangeiros que se destacam por suas atividades no cenário global. “Senhor Raoni Metuktire, em nome da República Francesa, considere-se Cavaleiro da Legião de Honra”, afirmou o presidente Macron, ao entregar a comenda ao líder indígena, de 92 anos.

Durante a passagem por Belém, os presidentes Lula e Macron adotaram duas importantes declarações na área ambiental: o Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além; e o Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais.

RIO DE JANEIRO — Ainda na terça à noite, os dois presidentes embarcaram rumo ao Rio de Janeiro. Na manhã de quarta-feira (27), Lula e Macron participaram do batismo e lançamento ao mar do submarino “Tonelero” (S42), no Complexo Naval de Itaguaí (RJ). A embarcação foi fabricada inteiramente no Brasil e integra o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub), resultado da Parceria Estratégica Brasil-França, firmada em 2008, cujo orçamento gira em torno de R$ 40 bilhões.

“O ProSub é o maior e mais importante projeto de cooperação internacional em assuntos de defesa do Brasil. Ele garante a soberania brasileira no nosso litoral, fortalece a indústria naval, com geração de emprego e renda, e promove o desenvolvimento do setor com muita inovação”, afirmou o presidente Lula durante a cerimônia.

SÃO PAULO — O presidente Macron seguiu, ainda na quarta, para São Paulo, onde participou da abertura do Instituto Pasteur e do Fórum Econômico Brasil-França, que não acontecia desde 2019. O encontro teve como objetivo fortalecer a cooperação para aumentar o volume do intercâmbio comercial e de investimentos recíprocos. Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, acompanhou o presidente Macron no evento.

RELAÇÕES EXTERIORES — As relações franco-brasileiras apoiam-se em firmes laços históricos. A França foi o primeiro país europeu a reconhecer a independência brasileira, em 1825, estabelecendo importantes vínculos políticos, culturais e econômicos com o Brasil. O presidente Lula realizou visita à França em junho de 2023, por ocasião da Cúpula por um Novo Pacto de Financiamento Global.

A França ocupa a posição de 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos. Em 2023, a corrente de comércio bilateral alcançou US$ 8,4 bilhões, com US$ 2,9 bilhões de exportações brasileiras.

Foto: Ricardo Stuckert/PR