Corpos são empilhados por falta de espaço em hospital dos EUA

Por falta de leitos, corpos foram armazenados em cama e poltrona em quarto de hospital em Detroit

Por falta de leitos, corpos foram armazenados em cama e poltrona em quarto de hospital em Detroit
14 de Abril de 2020 - 13h00

Fotos compartilhadas entre as equipes de emergência do Hospital Sinai-Grace, na cidade norte-americana de Detroit, e recebidas pelas CNN mostram corpos sendo armazenados em quartos vazios do hospital, além de empilhados uns sobre os outros dentro de unidades de refrigeração instaladas no estacionamento da instituição.

Dois funcionários da emergência confirmam que as imagens são um retrato preciso da cena que ocorreu no hospital no início de abril, durante um turno de 12 horas, que eles descrevem como avassalador. Eles falaram à CNN.

Sob a condição de anonimato, as duas fontes disseram que, pelo menos, um quarto, normalmente usado para estudos sobre hábitos de sono, foi usado para armazenar corpos, porque a equipe do necrotério não trabalhava à noite e o local estava cheio.

"Ficamos sem camas e sem leitos, então não tínhamos mais o que fazer com os corpos", disse um dos funcionários.

Na foto, dois corpos foram colocados em uma cama, lado a lado, e outro em uma poltrona no mesmo quarto. Todos os três corpos estão em sacos brancos.

"Isso aconteceu porque ainda não tínhamos adquirido os freezers externos e os funcionários do necrotério não trabalham durante a noite", disse o funcionário da emergência.

Em outra foto obtida pela CNN, sacos de corpos são mostrados sobrepostos dentro de uma das unidades refrigeradas do hospital.

Dois outros trabalhadores da emergência do Sinai-Grace confirmam que viram, pessoalmente, vítimas da COVID-19 colocadas, assim, dentro das unidades, devido ao crescente número de corpos.

Eles disseram que os sacos azuis mostrados na foto são os objetos pessoais dos mortos. "Os corpos estão empilhados no chão. Não há elevador para ajudar a colocar na prateleira", disse um funcionário da emergência que testemunhou cenas semelhantes.

Seis funcionários da emergência disseram à CNN que o hospital estava tratando de 100 a 130 pacientes, por vez, no início de abril, quando estava em seu volume mais alto. Nos últimos dias, segundo esses trabalhadores, a carga de casos caiu significativamente para cerca de 50 pacientes, o que eles dizem ser um número dentro da capacidade do local.

O porta-voz do hospital, Brian Taylor, garantiu que os pacientes que morrem na instituição são tratados com respeito e dignidade, “permanecendo no local até que possam ser liberados adequadamente".

"Como hospitais em Nova York e em outros lugares, garantimos recursos adicionais, como unidades móveis de refrigeração, para ajudar a gerenciar temporariamente o problema de capacidade causado pelo COVID-19."

Dois funcionários disseram que, após o episódio, o hospital decidiu encomendar unidades de armazenamento refrigeradas para armazenar os corpos. No sábado (11), a CNN visitou o local. Cinco unidades refrigeradas podiam ser vistas no estacionamento.