Após reunião com Bolsonaro, Moro é confirmado ministro da Justiça

Moro deverá assumir uma pasta ampliada, que teria a reintegração da área de Segurança Pública

Moro deverá assumir uma pasta ampliada, que teria a reintegração da área de Segurança Pública
1 de Novembro de 2018 - 11h25

O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em primeira instância, aceitou o convite para ser o novo ministro da Justiça e da Segurança Pública a partir de 1º de janeiro de 2019. A decisão foi oficializada por meio de uma nota oficial, após o juiz se reunir brevemente com o presidente eleito Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro.

Em nota oficial divulgada pouco após sua saída da residência do presidente eleito, Moro afirmou que aceitou o “honrado convite”, mas o fez com “certo pesar”, já que terá de deixar a magistratura após 22 anos. O magistrado destacou ainda que, “para evitar controvérsias desnecessárias”, afastar-se-á de novas audiências da Operação Lava Jato.

Moro deverá assumir uma pasta ampliada, que teria a reintegração da área de Segurança Pública, desmembrada na gestão Michel Temer, além da Secretaria da Transparência e Combate à Corrupção, da Controladoria-Geral da União e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

O convite foi anunciado publicamente por Bolsonaro em entrevista ao SBT após a eleição. Na ocasião, o presidente eleito disse que pretendia contar com o magistrado para o seu ministério ou ainda indicá-lo para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

“Pretendo conversar com ele e, logicamente, havendo uma conversa, nos acertando, seria feito um convite. Ele diria sim ou não. Eu só posso falar isso agora porque as eleições acabaram. Se fosse antes das eleições, poderia soar como oportunismo da minha parte”, declarou Bolsonaro à época. “Ele é uma pessoa excepcional, tem um respaldo muito grande da população e tem conhecimento. Na área da Justiça, pode ser um grande parceiro no combate à corrupção.”

Embora acredite que Moro tem “mais perfil” para o STF, o presidente eleito ressaltou na ocasião que é a vaga do Ministério da Justiça que está aberta. “Nosso querido juiz Sergio Moro é uma pessoa que perdeu a sua liberdade no combate à corrupção e hoje não pode ir à padaria mais sozinho comprar um pão, ou passear no shopping com a sua família. Tem que estar muito bem protegido por seguranças. Então é uma pessoa que merece ser reconhecida pelo seu trabalho”, disse.

Confira a nota na íntegra:

“Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justiça e da Segurança Pública na próxima gestão. Após reunião pessoal na qual foram discutidas políticas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito à Constituição, à lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão.

Na prática, significa consolidar os avanços contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operação Lava Jato seguirá em Curitiba com os valorosos juízes locais. De todo modo, para evitar controvérsias desnecessárias, devo desde logo afastar-me de novas audiências. Na próxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes.

Curitiba, 01 de novembro de 2018. Sergio Fernando Moro”.