Caos administrativo provoca êxodo urbano dos moradores de Cajamar

Todos os dias dezenas de famílias que não aguentam mais a situação deixam a cidade

Moradores do São Benedito pedem melhorias e questionam a Prefeitura aonde foi parar o dinheiro devolvido pela Câmara
16 de Março de 2018 - 15h43

A crise política, social e administrativa que se arrasta há mais de quatro anos está destruindo Cajamar, provocando o êxodo de dezenas de famílias. Cansadas do caos que se tornou a cidade, moradores estão se mudando para Santana de Parnaíba, Barueri e Jundiaí, entre outros municípios, em busca de uma vida melhor.

A atual administração era capitaneada pela prefeita eleita em 2016, Paula Ribas (PSB), que foi afastada do cargo pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, em outubro de 2017, acusada pelo Ministério Público da prática de 27 crimes. A vice-prefeita e atual interina, Dalete Oliveira (PCdoB), assumiu o governo e já possui três condenações de cassação de mandato pela Justiça Eleitoral em primeira instância e uma em segunda, mas conseguiu uma liminar no TSE para seguir no cargo. Além disso, ambas enfrentam dois processos de impeachment que foram abertos na Câmara Municipal.

Em meio a esse emaranhado de processos, denúncias, cassações, afastamentos e pedidos de prisão, Cajamar definhou. Uma cidade que arrecada cerca de R$ 430 milhões por ano não consegue mais oferecer sequer os serviços básicos à população que tem pouco mais de 70 mil habitantes, fruto da irresponsabilidade e incompetência do grupo político que ganhou as eleições prometendo mudanças, mas entregou mentiras, sofrimento e desilusão.

“Esse é o pior governo da história de Cajamar! Todo mundo foi enganado, humilhado, nada do que elas prometeram foi cumprido, além disso, estão envolvidas em diversas denúncias de corrupção, foram afastadas, tiveram os mandatos cassados pela Justiça e mesmo assim não têm se quer a dignidade de renunciar”, disse Isaura Borba, que está se mudando para Santana de Parnaíba.
A revolta da população é lícita. Na Educação, a construção de duas escolas no Portal dos Ipês e uma no Polvilho estão abandonadas desde o ano passado, os alunos não receberam uniforme e kit escolar, pais e mães reclamam da qualidade da merenda, creches e colégios estão sucateados há dois anos sem nenhuma manutenção e o transporte para estudantes universitários foi cortado.

Na Saúde a situação é ainda pior, o Pronto Socorro Infantil, as Unidades de Saúde da Família (USF) e o Plano de Saúde da Família (PSF) foram fechados! Moradores agora enfrentam filas quilométricas para marcar uma simples consulta nas UBSs que estão sem médicos, enfermeiros, aparelhos para exames e até medicamentos básicos. Profissionais da Saúde chegaram a ficar três meses sem receber salário, além disso, uma nova Organização Social foi contratada para gerir o Hospital Municipal sem licitação em caráter emergencial por seis meses, mas já passados quatro, até agora não foi aberto novo processo licitatório e, quando vencer, os serviços do HMC também serão paralisados.

A crítica se potencializa com o fato de que neste ano a atual gestão aumentou a cobrança do IPTU em mais de 100%. No entanto, unidades do PROCON foram fechadas, ruas estão esburacadas, praças, ginásios esportivos e campos de futebol cobertos de sujeira, lixo, pichação e mato, empresas e comércios estão fechando ou se mudando para outros municípios, gerando uma onda de demissões e desemprego. Os índices de violência aumentaram e a perspectiva de melhora é praticamente nula porque o governo é o mesmo!

Cadê o dinheiro?

No ano passado, com a crise financeira instalada no município, a Câmara dos Vereadores promoveu um profundo corte de despesas com objetivo de que os recursos fossem devolvidos para a Prefeitura finalizar e entregar três escolas (duas no Portal dos Ipês e uma no Polvilho), três UBSs (Paraíso, Portal e São Benedito), Centro Dia do Idoso (Portal) e custear parte do transporte para estudantes universitários. No total, mais de R$ 4,7 milhões foram devolvidos em 2017, mas já estamos em março de 2018 e as obras continuam abandonadas. Para piorar, a prefeita interina Dalete Oliveira não responde os requerimentos dos vereadores e também não informa aonde foi parar o dinheiro.