Hospitais do norte de Gaza ficam fora de serviço e causam mortes por falta de energia

Na últimas horas, Israel realizou mais de 4.300 ataques ao enclave palestino

A guerra no Oriente Médio chegou nesta segunda ao 38º dia. Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa d
14 de Novembro de 2023 - 10h45

Os hospitais no norte da Faixa de Gaza estão fora de serviço por falta de energia elétrica, informou o Ministério da Saúde do Hamas, nesta segunda-feira, 13, em um momento em que os combates são cada vez mais intensos entre o Exército israelense e os integrantes do movimento palestino. Na últimas horas, Israel realizou mais de 4.300 ataques ao enclave palestino, destruindo centenas de postos de lançamento de mísseis antitanque e 300 túneis de acesso.

A falta de energia na região já deixou vários pacientes mortos, e as autoridades locais dizem que os números não param de aumentar. Centenas de pacientes permanecem no hospital Al Shifa, o maior de Gaza, que também abriga civis que buscaram refúgio após a ofensiva de Israel, iniciada após o ataque do Hamas contra o território do país que deixou quase 1.200 mortos, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses.

A OMS Organização Mundial da Saúde informou nesta segunda-feira que 2.300 pessoas estão dentro do complexo de Al Shifa, incluindo pacientes, funcionários e deslocados. “Há dezenas de mortos e centenas de feridos que não podemos atender. As ambulâncias estão paradas porque são alvos de tiros quando saem”, afirmou o diretor do hospital, Mohamad Abu Salmiya.

O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, qualificou a situação de Al Shifa como “grave e perigosa” devido à falta de energia elétrica e de água, consequência do cerco imposto por Israel à Faixa de Gaza há mais de um mês. Várias testemunhas relataram bombardeios intensos durante a noite e afirmaram que tanques e blindados foram posicionados a poucos metros da entrada do hospital. Israel acusa o Hamas de esconder equipamento militar nos centros médicos.

Yusef Abu Rish, vice-ministro da Saúde do governo de Hamas, que desde sábado “sete bebês prematuros e 27 pacientes no CTI” morreram devido à falta de energia elétrica no hospital Al Shifa. A OMS adverte que perdeu o contato com o hospital Al Shifa, enquanto outro da Cidade de Gaza, Al Quds, não está mais funcionando por falta de combustível, segundo o Crescente Vermelho Palestino. A situação também é crítica para outros centros de saúde do território palestino, disse Mohamed Zaqut, diretor da rede hospitalar de Gaza. Os pacientes “estão nas ruas sem atendimento após as saídas forçadas” dos hospitais pediátricos Al Nasr e Al Rantissi, explicou diretor.

A guerra no Oriente Médio chegou nesta segunda ao 38º dia. Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa a Faixa de Gaza, mais de 11.100 pessoas morreram na ofensiva israelense desde o início do conflito, a maioria civis. Em Israel foram 1.200 mortos no ataque de 7 de outubro. No último dias, as ofensivas ficaram mais intensas, principalmente após a entra de Israel no território palestino para destruir as infraestruturas de Israel e buscas as 240 pessoas que estão sendo feita de reféns pelo Hamas desde o começo da guerra.

“No total, destruímos mais de 3.000 locais de infraestrutura terrorista, incluindo mais de 100 estruturas equipadas com explosivos e centenas de centros de comando e controle do Hamas”, disse um porta-voz militar. Horas antes, o Exército israelense informou nesta segunda-feira que está operando pelo segundo dia consecutivo no campo de refugiados de Al Shati, no noroeste da Cidade de Gaza, perto da costa, onde disse ter desmantelado “infraestrutura terrorista do Hamas”.

“As tropas continuam realizando incursões nos arredores do campo de Al Shati, tendo como alvo a infraestrutura terrorista localizada em instituições governamentais central no coração da população civil, incluindo escolas, universidades, mesquitas e residências de terroristas”, detalhou um porta-voz militar. De acordo com o Exército, a infraestrutura do grupo islâmico Hamas, com o qual tem sido travada uma guerra desde 7 de outubro, está “deliberadamente localizada dentro de estruturas civis”, incluindo a Universidade Al Quds e dentro da mesquita Abu Bakr.

“As tropas descobriram uma seção da mesquita que abriga um grande número de dispositivos explosivos e materiais inflamáveis. Durante a atividade, as tropas apreenderam dezenas de armas, equipamentos militares e planos operacionais pertencentes ao Hamas”, explicou um comunicado militar.

O Exército também informou que suas tropas terrestres entraram na residência de um comandante da Jihad Islâmica e “localizaram uma grande quantidade de armas dentro do quarto das crianças na casa”. Além disso, em outra operação na cidade de Beit Hanoun, no norte do país, as tropas “localizaram um poço de um túnel, materiais de inteligência e armas”, informou o Exército. O Exército israelense registrou 363 baixas desde o início da guerra, 44 delas durante a ofensiva terrestre dentro do enclave.

As forças israelenses também operam dentro da Cidade de Gaza há vários dias e mantêm sob cerco os principais hospitais, onde milhares de feridos e desabrigados estão sem água, medicamentos em instalações sem combustível para funcionar. Quase 1,6 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa de Gaza abandonaram suas casas desde o início da guerra. No sul do território palestino, perto da passagem de fronteira com o Egito, centenas de milhares de deslocados aguardam a entrada de ajuda humanitária, que é autorizada de maneira lenta e insuficiente, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas). A Turquia anunciou nesta segunda-feira que um navio com material hospitalar atracou no porto egípcio de El Arish, perto de Gaza.