Com quase 50 anos, ex-cobrador de SP vira rei da sarrada na web

Ex-cobrador de ônibus já alcançou mais de um milhão de visualizações no Youtube com vídeos de Funk

Nascido e criado em Recife, há 15 anos Ielzo chegou a São Paulo para trabalhar como porteiro
20 de Dezembro de 2016 - 16h52

A Parede amarela de uma casa está conhecida no Itaim Paulista, extremo da Zona Leste de São Paulo. É onde Ielzo Soriano, pernambucano de 48 anos, aparece dançando funk, especificamente um movimento conhecido como “sarrada”. Somados, seus vídeos já alcançaram mais de um milhão de visualizações no Youtube.

O “rei da sarrada”, como é conhecido, ostenta um bigode volumoso e uma barriga característica da idade, diferente do tipo franzino dos meninos que costumam ficar famosos pela dança. Os comentários nos seus vídeos chamam atenção para isso. “Evolução demais esse coroa”, diz um. “Queria que fosse meu pai”, comenta outro.

Ele disse que não esperava tanta repercussão. “A gente faz coisa que até a gente duvida, mas eu digo uma coisa, tem um deus que tudo pode, então eu disse uma coisa, poxa, o jovem do passinho do romano, são tudo menino novo, então eu cheguei e com essa idade, e me tornei pai. Pai do passinho, pai dos funk”.

Nascido e criado em Recife, há 15 anos Ielzo chegou a São Paulo para trabalhar como porteiro. Depois, já foi cobrador de ônibus, trabalhou em uma fábrica de roupas, foi caseiro, e hoje trabalha como repositor de mercadorias em um hipermercado. Ainda não dá para viver do funk.

Ele conta que já trabalhou em diversas linhas quando foi cobrador. “Parque Dom Pedro, Praça do Correio, Camargo Velho, Itaquera, Camargo Novo, 2031, Penha. E eu agradeço a Deus ter me feito assim, muita gente me conhece, sabe que esse cobrador nunca negou uma passagem a ninguém. O cara chegava com R$ 2,80, eu digo, me dê e passe por baixo”.

Ielzo já viveu uma experiência profissional um tanto quanto diferente. Ele conta ter recebido R$ 70 para chorar no enterro da sogra de um amigo. “Eu disse ‘meu amigo, chamou a pessoa certa’. Ele me deu um buquê (...) Quando eu olhei assim eu disse não, não meu deus, porque o senhor levou a dona Ana. Fala comigo, dona Ana”, se diverte contando o dançarino.
Casado há 24 anos e pai de dois filhos, Ielzo disse que o plano para o futuro é “continuar fazendo esse povo feliz”. “Está difícil tirar da face do brasileiro o riso. Sabe, essas épocas que estamos vivendo e outras que estão para vir aí. Então eu fico feliz quando vejo uma pessoa rindo. Coisa linda”.